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Alexandra presente sempre!

Uma liderança feminina que nos ensina ao não temer, mas honrar o poder feminino, o partilhando de forma generosa e amorosa, sempre com um olhar sistêmico entre a dimensão interpessoal e institucional. Transformou as pessoas e gestões públicas por onde passou. Seu legado é imensurável, assim como sua contribuição para a efetiva transformação social.

A frente da Secretaria do Patrimônio da União – SPU de 2003 a 2010, a arquiteta e urbanista Alexandra Reschke implementou uma verdadeira revolução na gestão do patrimônio imobiliário da União por meio de um processo coletivo, contínuo e gradativo de mudança na visão de como usar esse importante recurso em benefício à redução das desigualdades e apoio à políticas públicas prioritárias, entre as quais habitação e regularização fundiária de interesse social, reconhecimento de direitos de povos e comunidades tradicionais, de preservação ambiental, entre outras. Foi a primeira a conceber a amplitude e diversidade do patrimônio público federal, para muito além da habitação social nas grandes cidades.

Até 2003, a principal característica da gestão do patrimônio imobiliário da União era privilegiar o uso dos bens imóveis com vistas a gerar receitas e reduzir custos. Mesmo com a aprovação da Constituição Federal Cidadã em 1988, foi a partir da intensificação das lutas sociais, rurais e urbanas pela inclusão social e territorial que se iniciou um novo período no Brasil e Alexandra, sempre antenada, se colocou à disposição para construir um novo paradigma de destinação de terras e imóveis públicos para quem mais precisava.

O significado dessa mudança radical de olhar e de entendimento trouxe inspiração coletiva para a redefinição da missão institucional da SPU: “Conhecer, zelar e garantir que cada imóvel da União cumpra sua função socioambiental, de forma harmônica com a função arrecadadora e em apoio aos programas estratégicos da Nação”.

A partir desse novo paradigma, Alexandra foi uma maestra incansável na formulação e articulação de novas formas de se fazer política pública. Sua missão interna era a sensibilização e o engajamento das equipes da SPU para a construção de um novo órgão, voltado ao desembaraço de imóveis públicos federais para serem destinados em prol do bem comum, em apoio a políticas setoriais que efetivamente contribuíam para a redução das desigualdades e o aprimoramento da relação do Estado com a sociedade brasileira.

Sua postura sempre partia da empatia, do cuidado, do engajamento, da criação de laços, da escuta e das práticas diárias que possibilitaram uma mudança expressiva na atuação coletiva. Alexandra deixou um legado na Secretaria do Patrimônio da União conhecido e defendido por grande parte dos servidores efetivos do órgão até hoje.

Nas suas palavras: “Eu fiz parte dos que buscaram exercer o poder como um serviço à sociedade, o que começava por incluir os servidores em todo o processo, uma vez que nós estávamos ali de passagem e eles é que ficariam. São eles os responsáveis pela continuidade de programas e projetos, enquanto serviços inerentes àquele determinado órgão. Se queríamos mudar a cultura interna, era necessário garantir a participação e o envolvimento dos servidores”.

Seu legado pela cooperação permanece e permanecerá. Alexandra se envolvia profundamente nos processos que estavam sob o seu comando, buscando proporcionar ambientes colaborativos e decisões compartilhadas, ciente de que as relações horizontalizadas e trabalho participativo sempre exigirá muito mais maturidade e habilidades das pessoas envolvidas.

Em 2007 o foi premiada em inovação em políticas públicas pela Escola Nacional de Administração Pública – ENAP pelo Projeto Nossa Várzea da SPU/PA, que foi percursor da inclusão socioterritorial da população ribeirinha na Amazônia. Alexandra também participou da gestão municipal de Porto Alegre e Santo André, e da gestão do Distrito Federal, contribuindo com as políticas de habitação de interesse social. Foi assessora da liderança do Partido dos Trabalhadores – PT na Câmara dos Deputados com incidência marcante na aprovação da Lei do Estatuto da Cidade. Também desenvolveu trabalhos em apoio à gestão municipal na Amazônia liderada por indígenas Ashaninka e junto ao Instituto Democracia e Sustentabilidade – IDS.

Escreveu o livro “A Flor da Cura”, em que partilha sua experiência de cuidado com a vida de cerca de mais de década de convivência com o câncer.

Alexandra foi e continuará sendo uma fonte de inspiração para aqueles que se engajam na luta por uma sociedade mais justa, comprometida com os direitos ambientais e sociais.

O Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico – IBDU presta, nessa oportunidade, sua homenagem a ela.

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